×

Navegg inicia expansão na Europa

A provedora de dados Navegg, fundada em 2008 em Curitiba, começa a expansão internacional para a Europa em um momento em que ganha certa maturidade em mercados internacionais. Desde 2012, a empresa coordena operações em diversos países latino-americanos, como Argentina, Colômbia e Peru. Agora, começa também a operação no sul da Europa, em países como Portugal, Espanha e Itália.

Com os negócios internacionais representando 30% do faturamento, a DMP fechou um recente contrato com o grupo hondurenho Opsa — que se une aos veículos La Prensa, El Heraldo, Diez, Estilo e o peruano Grupo PRP. São analisados os comportamentos de mais de 200 milhões de internautas na América Latina na atual plataforma da Navegg, em mais de 1400 segmentos como intenção de compra, dados demográficos e uso de tecnologias.

“Nosso produto já foi desenhado, desde o começo, para trabalhar tanto o entendimento do usuário brasileiro de internet como o entendimento do usuário latino. Desde a interface, passando pelo backend e processamento da plataforma, pensados para entender conteúdo em português, espanhol e inglês”, explica Pedro Cruz (foto), sócio-fundador da Navegg.

Ele conta que a internacionalização começou quando a Navegg detectou uma oportunidade com os dados de audiência fora do Brasil, com contratos com publishers latinos, até perceber uma forte demanda também de usuários que acessam conteúdos 'made in LATAM' em outros países, como nos Estados Unidos. “Começou com a proximidade geográfica e o networking que a gente tinha no momento, as portas que se abriram. Mas tivemos uma boa receptividade. Naquele momento, éramos praticamente a única empresa, alguns concorrentes começavam a se estruturar, mas ainda estagio startup. Nós estávamos em estágio maduro e tiramos proveito disso”, conta.

A abertura da filial nos EUA foi um dos mecanismos do ponto de vista de operação que favorecesse esse processo de internacionalização, que naturalmente se expandiu por toda a empresa. Segundo Cruz, a Navegg começa a detectar o mesmo comportamento agora no sul europeu, com a audiência latino-americana local.

Comentando sobre a forte competitividade tanto nos Estados Unidos como na Europa, Cruz fala que o diferencial no qual eles estão apostando é o conhecimento do usuário latino. Tanto em termo de interesses quanto nichos, a plataforma da Navegg, diz ele, tem a capacidade de ajustar-se a diferentes contextos e analisar comportamentos diferentes para clientes da região.

Navegg_PedroCruz1Ainda assim, o executivo esclarece que não irá restringir a atuação apenas na audiência latino-americana fora do continente. Esse, nas palavras de Cruz, é um começo que naturalmente vai abrir portas para uma operação mais completa no continente, assim como aconteceu no mercado norte-americano. “A nossa meta é que no ano que vem os mercados internacionais representem 50% do faturamento”, revela. A porta de entrada, assim como ocorreu em países latinos, é a chegada via publishers locais — como o Terra, com quem a Navegg possui contratos há dois anos no Brasil e no México, e também possui um portal na Espanha, por exemplo.

Compliance e Novas Práticas

Na Europa, a Navegg terá um cenário diferente do contexto do Brasil. Um deles é a legislação sobre dados de usuário e privacidade, muito mais restritiva que a do mercado brasileiro e norte-americano. De acordo com Cruz, é diretriz da companhia desde o princípio das operações o compliance com as regras de publicidade internacional. Embora o desafio, ele garante que estão preparados.

“Muito antes de ser falado desse tipo de regulação, no Brasil a gente já estava de acordo com as regras do IAB americano, das empresas de gestão de dados e privacidade. De forma natural, fomos chamados para participar da discussão no Brasil do Marco Civil da Internet. Nossa postura para Europa é a mesma. Preferimos ter um excesso de cautela do que se colocar numa posição que possa colocar em risco nossa atuação do mercado de forma global”, esclarece, dizendo que do ponto de vista técnico, opera de igual para igual com as regras locais.

Por enquanto, o plano é seguir mantendo as operações nas atuais sedes e, a medida que a operação europeia cresça, cogitar a possibilidade de abertura de escritório no velho continente. “Até hoje a gente conseguiu crescer sem estar fisicamente nos mercados. Acho que enxergamos essa oportunidade [de uma operação local], mas num futuro não tão próximo, talvez 2017”, encerra.