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A onda de aquisições da Publicis faz sentido?

O Grupo Publicis coroou a onda de aquisições neste ano com a recém-anunciada compra da Sapient, por US$ 3,7 bilhões, logo após arrebatar a DMP RUN e a Matomy, essa última por 40 milhões de libras em ações. Contudo, dúvidas ainda resistem no bottom line.

A Publicis anunciou na última segunda-feira o acordo definitivo de compra da Sapient por US$ 25 por ação, pago em dinheiro em caixa, criando então a Publicis.Sapient. A companhia se estabelece no grupo como a plataforma que irá impulsionar as capacidades digitais do grupo DigitasLBi, Razorfish Global e Rosetta.

A unidade será liderada por Alan J.Herrick, CEO da Sapient há oito anos, e por Maurice Levy (foto), que define o negócio como uma “joia da cora”. De acord com o executivo, o negócio preenche os objetivos do Publicis Groupe, com destaque para a entrega de 50% da receita via digital e tecnologia três anos à frente do plano de 2018. “E impulsionar tecnologias, capacidades de consultoria para expandir em novas verticais, além de oferecer novas e empolgantes oportunidades para nossos talentos”, completa.

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Estratégia?

A holding alega que o negócio significa que ambas as empresas agora têm uma receita combinada acima de 8 bilhões de euros, EBITDA de aproximadamente 1,3 bilhão de euros e mais de 75 mil funcionários em todo o mundo, segundo nota divulgada a investidores.

O documento inclui também um detalhamento estratégico da aquisição bilionária, incluindo um “modelo de entrega global distribuída”, ativado pela tecnologia da Sapient e seu portfólio.

Competidores

Nem todo o mercado está convencido pelo negócio. No anúncio do balanço da WPP, o CEO Martin Sorrell alfinetou os rivais Publicis e Omnicom dizendo que a recente compra de US$ 25 milhões em ações da AppNexus o deixou “sem saída”.

Martin também disse que ambas as empresas têm tentado cortar um negócio com a AppNexus, uma opção que não é mais válida, segundo ele. Assim, há mais confiança em Google e Facebook, não menos agnósticos , por sua performance digital.

E há adição de valor?

Enquanto isso, Brian Weiser, analista sênior no Pivotal Research Group, levanta questões sobre como o acordo coloca a Publicis no mercado digital. Conforme mencionado acima, a Publicis acumula aquisições para melhor coordenar mídia e dados, com ênfase particular em mobilidade. Mas a nota aos investidores de Wieser questiona se isso deve elevar significativamente o valor por ação da Publicis além da avaliação anterior ao negócio, concluindo que a “SapientNitro adiciona pouco valor à Publicis, estrategicamente”.

E adiciona: “Apesar da ausência de diálogo entre a Sapient e outras holdings, isso representa um prêmio de 44% no preço de fechamento mais recente da empresa, cerca de 12 x EV/EBITDA múltiplo no consenso de 2015 (dependendo do balanço em caixa da Sapient), assumindo que as sinergias foram realizadas. Isso é bem acima do trading múltiplo da Publicis, próximo de 8x… achamos razoável assumir que podemos manter nosso preço atual na Publicis”.

O analista nota que as entidades já existentes da Publicis, DigitasLBi, Razorfish e Rosetta já oferecem serviços de marketing digtial de classe mundial, e o valor gasto na Sapient poderia ser gasto nessas outras opções.

Por fim, a conclusão final: “Enquanto a Publicis tem capacidade para tamanha transação, esse negócio pode dificultar a Publicis alcançar algo que seja realmente `transformador` no futuro”

Artigo publicado originalmente no ExchangeWire UK